Retorno
UCPel começa a retomada presencial
Já os estudantes das escolas estaduais, ainda recebem atividades por meio de WhatsApp e Facebook e aguardam por novas informações
Divulgação -
Depois de quase três meses funcionando apenas por meio de aulas remotas, as atividades presenciais práticas e estágios curriculares dos níveis Superior, pós-graduação e Técnico Subsequente podem retornar. A liberação segue o decreto Estadual e faz parte do plano de retomada das atividades na educação do governo do RS - a estimativa é que 41 mil alunos retornem às aulas nesta etapa. No entanto, não são todas as instituições que abraçaram a retomada, como é o caso do Instituto Federal Sul-Rio-grandense (IFSul).
Flávio Nunes, reitor do IFSul, frisa: “Não acreditamos que esse é o momento ideal”. A decisão vale para os 14 campi em 13 municípios da região Sul do Estado. A partir de um comitê interno, a instituição avalia a possibilidade de retorno presencial; antes prevista para 3 de julho, a data deve se alongar ainda por todo próximo mês. E a retomada deve ser para todos os níveis, indo além da pós-graduação e técnico subsequente, ele explica. As aulas remotas também estão fora do plano para o momento. “Acreditamos que isso acentuará as desigualdades sociais. A educação precisa ser um processo inclusivo”, opina.
Somando todas as unidades são mais de 24 mil estudantes, fora os outros 2,5 mil professores e técnicos administrativos. Destes, 1,2 mil alunos solicitaram o auxílio alimentação para o período de isolamento social e vão receber cestas básicas por quatro meses. Com base nesses números, o reitor acredita que o número de pessoas sem acesso às plataformas online de ensino seja ainda maior.
De volta às aulas
Em contrapartida, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), as atividades práticas estágios obrigatórios de dez cursos de ensino Superior retornaram nesta segunda-feira (15) - são as graduações em Direito, Arquitetura, Design de Moda, Enfermagem, Engenharia Civil, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Tecnologia em Segurança Pública. Laura dos Santos, 23, faz parte dos 475 estudantes, cerca de 17% de toda Universidade, que voltaram ao modo presencial. Estudante do quinto semestre do curso de Odontologia, ela acredita que a decisão oferece riscos aos alunos e às famílias.
Neste semestre, ela e a turma deveriam ter contato com pacientes porém, com as mudanças, as práticas serão feitas com manequins. “A odonto é um curso extremamente prático. Não dá pra resumir um semestre de práticas clínicas em cinco semanas de aulas laboratoriais”, acredita.
Para a retomada, a UCPel informa que garantirá a todos os alunos em atividades práticas equipamentos de proteção individual. Houve a instalação de comunicação nos Campi indicando as regras de distanciamento, etiqueta respiratória e higiene; diminuição de mesas e cadeiras em sala de aula para garantir o distância de 1,5 metro entre pessoas; disponibilização de álcool gel em salas e corredores, aferição de temperatura por meio de termômetro eletrônico infravermelho, entre outras medidas que constam no plano.
Já na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a retomada dos níveis Superior e Pós-graduação, de forma presencial, deve ocorrer somente em setembro. Nesta segunda, as matrículas do Calendário Alternativo foram processadas pelo sistema interno da UFPel: 9.107 alunos solicitaram as disciplinas que serão realizadas a distância, de maneira remota.
No Senac, escola superior, com cursos profissionalizantes, as aulas ocorrem por meio online somente para os cursos técnicos, conforme informou a assessoria de comunicação. Uma reunião deve ser feita nesta semana para analisar a possibilidade do retorno presencial.
No Estado, segue etapa de apropriação das plataformas EaD
Há duas semanas, a rede estadual de educação trabalha na adaptação de professores e alunos para a plataforma escolhida pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc): o Google Classroom. Era esperado para esta segunda-feira um anúncio por parte do governador Eduardo Leite (PSDB) em relação a retomada presencial, mas não ocorreu. Em transmissão ao vivo pelo Facebook, o chefe do Executivo gaúcho explicou que uma série de discussões se prolongará ainda essa semana sobre o tema. “Vamos discutir para projetar um retorno que deverá ser em etapas. Não vamos arriscar um retorno precipitado das aulas”, explicou.
Os alunos e escolas da rede têm até quinta-feira para realizarem o cadastro no site escola.rs.gov.br, que compila os dados a partir do CPF dos estudantes. Assim, na próxima etapa a Seduc fica responsável pelo cruzamento das informações e criação das mais de 37 mil turmas espelhadas em mais de 300 mil ambientes virtuais, divididos por componentes curriculares. Por enquanto, as atividades são enviadas por meio de grupos no WhatsApp, Facebook e e-mails.
Nesta segunda, a Seduc iniciou a Jornada de Atualização Pedagógica - Aulas Remotas 2020, uma ação que tem como objetivo capacitar os professores para a nova plataforma. O curso segue até sexta-feira.
Na prática, a ideia esbarra na dificuldade de acesso das famílias à internet. Diretor do Instituto Estadual de Educação Assis Brasil (IEAB), Fábio Padilha acredita que a tecnologia não vai conseguir abraçar a todos - por lá, são mais de 1,5 mil alunos entre os ensinos Infantil, Fundamental, Médio, Magistério, Eja e turma especial para alunos surdos. "Alguma coisa precisa ser feita por parte da Seduc, isso é lógico. Só não podemos acreditar que a tecnologia vai abranger", analisa. Fora isso, ele acredita que esse distanciamento proporcionado pela falta de recursos pode comprometer o processo de aprendizagem nos anos iniciais. "A tecnologia não é inclusiva. Ela mostra que não estão todos no mesmo padrão de acesso", conclui.
Em uma escola menor, o problema não é diferente. Ivonete Wickboldt é mãe de dois alunos matriculados na Escola Estadual de Ensino Fundamental Rachel Mello, localizada na Sanga Funda. Camile e Kauã estão no quarto e sexto ano, respectivamente, e ambos dividem os materiais eletrônicos para que possam seguir com as atividades de maneira remota. Até algumas semanas eles dividiam a celular da mãe, até que ganharam um notebook.
As dificuldades não param por aí: a mãe ainda precisa se desdobrar para entender os conteúdos e, assim, explicar aos dois. "Eu tenho que estudar também para ter como explicar para eles", conta. Os filhos ainda precisam se esforçar para manter a atenção. "É bem cansativo para eles. A Camile reclama bastante de dor de cabeça, por exemplo. Eles falam que é muito conteúdo e demoram umas quatro horas pra copiar o que, na escola, fariam em duas", completa.
De acordo com a direção, o educandário possui 526 alunos matriculados e, desse número, cerca de 30% possuem acesso às plataformas e redes sociais.
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